quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Encontros Inusitados

Encontros Inusitados

Renato Borba

O London Pub & Bistro, todo domingo, às 17h, reúne músicos, amigos e amantes da música em encontros, literalmente, inusitados. Nesse domingo passado tive o prazer de encarar um desafio proposto pela Sandra na madrugada de terça feira. 

Tudo começou porque ela, ocasionalmente, me achou no Face, no meio da madrugada, trocando ideias com alguns amigos e, sorrateiramente, como quem não quer nada, entrou, in box, e me disse: "Borba, tu topas tocar com a Denise Tonon, no domingo, no Chá das Cinco, aqui no London?" hehehe!

A proposta da minha banda é tocar sempre NO FIO DA NAVALHA, topei imediatamente! Claro! Mesmo sem nem imaginar com quem estaria tocando e que repertório rolaria! 

O inusitado... nem sei mais se, de fato posso considerar inusitado, foi a quantidade enorme de desencontros que tivemos, o que não me abala mais, já que sempre que marco um show, acontecem todos os imprevistos possíveis de acontecer na vida de um músico antes de tocar, de maneira que, atualmente, eu nem esquento mais a cabeça... na hora... no palco... sempre rola tudo certinho! Ao menos é o que eu espero! heheh!

Marcamos um ensaio para o sábado à tarde... não rolou porque o pub teria um evento no único horário que teríamos disponível e, pra completar, o Peter -nosso batera - estava envolvido numa regata no Jangadeiros, que o comprometeu, tanto no sábado, quanto no domingo... tanto que ele chegou no meio do primeiro set do show da banda, apenas no domingo, ou seja, depois que a banda havia começado a tocar, com "aquela cara de cachorro sem vergonha"... "louco de vontade de tocar e, ao mesmo tempo todo desengonçado" porque... enfim... já havíamos começado a tocar e o som estava rolando tri bala... mas... sabe... faltava "aquela percussão" que somente o nosso parceiro Peter sabe meter na banda! 

A Denise, pra confessar aos amigos, meio que olhou pra situação, assim meio que... "de revesgueio" e, confiando no meu sorriso, nem se abalou também! 

Enfim, voltando para a tarde de domingo, antes do show, eu e Denise passamos todos os tons em mais ou menos uma hora mas, o Peter estava, literalmente, "dentro d'água", e, no meio do Guaíba! O Alemão nem imaginava o que rolou na tarde! Então, foi tudo assim... completamente tranquilo... "no normal" do que sempre acontece com a "NO FIO DA NAVALHA", a gente se encontra e toca!

Mas, para a Denise, era um primeiro encontro com a gente... jamais tocamos juntos,e, ela nem imaginava quem comporia, com ela, esse desafio! Até trocamos algumas palavras pelo face, expliquei-lhe, detalhadamente, que depois de passarmos os tons ela não esperasse que "algo" do que fizéssemos na tarde fosse sequer parecido com o que poderia acontecer quando subíssemos no palco! 

Surpreendentemente ela sacou na hora e topou com uma coragem e galhardia o desafio de cantar "NO FIO DA NAVALHA"  sem qualquer constrangimento!

O Maurício Oliveira levou o Sax Tenor, o Alto, o Soprano e a Transversa, era uma metaleira pra todo lado e enquanto nos passávamos os tons o Maurício ria como louco... "Baaah Borba tudo diferente!" Dizia o Maurício! Mas claro... sempre que tocamos em trio ou quarteto, o sopro é o nosso grande protagonista e naquele domingo a voz ocupou esse espaço repleto de organicidade. 

No decorrer do show fomos nos aproximando cada vez mais e a sensação de que "o momento estava se construindo por si só" foi se apropriando tanto dos músicos quanto da platéia, e, com a chegada do Peter, ganhamos mais fôlego e a Denise se soltou ainda mais numa beleza sem par. 

Eis que no meio do show... não lembro bem se... no meio ou no fim... comentei com ela: "Denise... sabes que tu tens um timbre e um jeito de cantar que me faz lembrar uma cantora bageense, que amo de todo o coração e que toquei com ela faz uns 15 anos" e, antes mesmo de terminar o que dizia ela me olhou nos olhos, com aquele sorriso peculiar dela e me disse: Maria Helena Carvalho! Fiquei estupefato... porque a Maria Helena está em Sampa faz tanto tempo que nem imaginaria que alguém aqui no sul pudesse se lembrar dela... pois não é que as duas, além de serem amigas de longa data, cantaram juntas em Sampa por muitos anos e são como comadres! hehehe! 

A "energia" de ambas é de uma vitalidade inigualável, e assim, do nada, descobri o motivo que, já na primeira nota da Denise, fiquei quase sem ar de tão sensibilizado! 

Foi uma sensação inusitada e maravilhosa de reencontro com espíritos que se construíram juntos na arte! 

Rimos como doidos da situação! 

A maior surpresa ainda estava por vir, a Denise chamou a Sandra e comentou: "o Borba tocou em Bagé com a Maria Helena!" 

A Sandra, a Denise e a Maria Helena se conhecem desde sempre... foi então que compreendi porque a Sandra entrou em contato comigo naquela madrugada de terça para quarta... foi por pura intuição... ela sacou que eu e a Denise tínhamos algo em comum e foi afirmativa no Face repetindo várias vezes isso: "Borba vocês tem muito em comum", pois não é que a Sandra acabou nos proporcionou esse encontro fantástico e inusitado que, espero, brevemente se repita!

Foi uma das mais lindas noites da minha vida!

Por sinal... depois de tantas "mudanças" na minha vida... foi uma benção esse encontro! 

Os amigos não tem ideia do quanto foi lindo!

A "tarde-noite", no Domingo de Chá do London Pub & Bistro, não seria completa sem a presença dos nossos amigos que compareceram para nos abraçar, dividir uma taça de vinho, jogar conversa fora, degustar as delícias da cozinha Juliana e do Toni, naquele espaço lindo do London, curtindo com a gente esse momento de plena sensibilização, desafio e descobertas. 

Ouvir Denise Tonon cantando NO FIO DA NAVALHA foi um daqueles momentos que lamento imensamente por aqueles que não se ligaram que o London, nas suas tardes des domingo é um espaço muito especial e imperdível! 

Ao menos foi assim nos últimos dois domingos em que estive lá e que confesso, não perderei mais nenhum porque sempre são fins de tarde agradavelmente surpreendentes!

A Rosa Maria Marim Pacheco, sempre atenta com os acontecimentos musicais da cidade, levou a nossa diva, dona Ivone Pacheco, para nos ouvir e óbviamente convidei-a para nos dar uma canja no piano!

Cá pra nós... a dona Ivone comentou "ao pé da orelha" comigo... "Hoje eu não vou tocar". Eu e Rosa ficamos surpresos! hehehe! A Rosa chegou a pular na mesa: "Como é que é mãe?" Então, perguntei-lhe porque? E, com um sorriso largo e cheio de vida, ela respondeu-me, sempre nos surpreendendo com o seu humor peculiar: "O pianista está arrasando!" hehehe! 

Um carinho como esse, vindo de uma linda mulher como Ivone Pacheco, nunca é um "elogio" é "um abraço no coração!" 

Então a conduzi ao piano para tocar com o Peter na batera e o Maurício no Sax e nossa noite foi literalmente inusitada!

Obrigado a galera do London Pub & Bistro por ter nos oportunizado esse momento lindo de Bossa Nova, MPB e JAZZ em meio a uma platéia que está se organizando pra curtir o seu fim de tarde ouvindo sempre boa música, num espaço encantador, em encontros que sempre promentem ser inusitados e surpreendentes!

Valeu!

Renato Borba

Denise Tonon: 





Maurício Oliveira:




Rosa Maria Marim Pacheco: Clube de Jazz Take Five



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